2009年5月13日 星期三

Governo vai criar cotas para bolsas de pesquisa científica

O governo federal irá instituir pela primeira vez cotas em bolsas de pesquisa. Num programa de iniciação científica, serão criadas 600 vagas exclusivas para alunos que ingressaram nas universidades públicas por meio de ações afirmativas, como cotas raciais (para alunos negros) e sociais (para estudantes oriundos de escola pública).

As novas vagas farão parte de uma linha do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, o Pibic, que já oferece todo ano aproximadamente 20 mil bolsas no país.

O lançamento acontece hoje, data que marca os 121 anos da Abolição no Brasil. Será assinado um termo de cooperação entre a Secretaria da Igualdade Racial da Presidência e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Assim como já ocorre nas demais linhas do Pibic, os beneficiários terão direito a R$ 300 mensais no período de um ano. O orçamento dessa linha é de R$ 2,1 milhões, sendo R$ 1,8 milhão em recursos do CNPq e o restante da Igualdade Racial. Normalmente, para obter a bolsa de iniciação científica, o candidato tem que estudar em alguma instituição credenciada no programa do CNPq.

A seleção dos estudantes é feita pela própria universidade, a partir de um projeto de pesquisa. A regra também valerá para quem pleitear uma vaga por meio da cota.

Projeto-piloto

A nova medida é tratada pelo governo federal como um projeto-piloto. Caso seja bem sucedida, a ideia é expandi-la em outras áreas. Na esfera federal, uma iniciativa parecida ocorre desde 2002 no Instituto Rio Branco, do Itamaraty, por meio de um programa de bolsas-prêmio para estimular o ingresso de afrodescendentes na carreira diplomática.

No caso da bolsa de iniciação científica, o objetivo é estimular universitários a virarem pesquisadores e tornar mais eficiente a pós-graduação, reduzindo o período de realização de um mestrado ou doutorado. Poderão aderir à nova linha as universidades públicas que já adotam políticas de ações afirmativas.

"Essa bolsa é um marco na manutenção de estudantes nas universidades. O nosso dilema não é apenas com a entrada, mas também com a permanência deles. Esses alunos [que ingressam por ações afirmativas] terão a chance de se interessar pela ciência", afirma Martvs da Chagas, subsecretário de Políticas de Ações Afirmativas da Secretaria da Igualdade Racial. O CNPq não soube informar quantos estudantes do Pibic hoje são negros ou entraram na universidade por meio de ações afirmativas.

Considerando todo o ensino superior do país, os números do IBGE mostram que os negros e pardos são 38% dos alunos de graduação, embora sejam metade da população, pela Pnad de 2007. No mestrado e no doutorado, que o governo quer incentivar, só um terço dos estudantes é negro.

2009年3月19日 星期四

Cheia de galpões, Barra Funda vira novo polo teatral

Alternativos agitam o bairro; curso de Artes Cênicas da Unesp se mudará para a vizinhança nesta semana

Edison Veiga
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Meio-dia de quinta-feira. É o segundo dia de apresentação da peça Quem Não Sabe Mais Quem É, o Que É e Onde Está Precisa se Mexer, da Cia. São Jorge de Variedades. Pelas ruas da Barra Funda, o espanto das pessoas é grande. Os primeiros 15 minutos da encenação ocorrem do lado de fora do teatro, um galpão que há dois anos abriga a sede do grupo e agora, pela primeira vez, é aberto ao público. Na frente do histórico e tradicional Theatro São Pedro, inaugurado em 1917, a atriz Mariana Senne proclama: "Eu não sou Hamlet. Eu não represento mais nenhum papel. As minhas palavras já não me dizem mais nada." Praticamente uma metáfora da nova onda de teatros alternativos que domina o bairro.

Casa de São Jorge, Casa Livre, Grupo Tapa, Casa Laboratório, Galpão do Folias, Balagan, Confraria da Paixão, Casulo Espaço de Cultura e Arte... São pelo menos oito espaços alternativos que, nos últimos anos, ocupam endereços nos arredores da Barra Funda. Todos abrigam estudos e ensaios de suas trupes e boa parte tem aberto as portas para o público em geral. "Não podemos só ficar olhando para o próprio umbigo", comenta Sandro Borelli, diretor do Casulo, aberto em janeiro. "Em abril, devemos ter espetáculos em cartaz."

As explicações para essa "invasão artística" são simples. O bairro é próximo do centro, bem servido por transporte público e cheio de antigos galpões que podem ser aproveitados como espaços teatrais. "É um lugar que vem se revigorando", acredita Cibele Forjaz, diretora da Casa Livre, cujo primeiro espetáculo aberto ao público na sede própria, Vemvai - O Caminho dos Mortos, está em cartaz há pouco mais de um mês. "A gente está lendo umas histórias muito loucas sobre a Barra Funda, como tudo se transformou da chegada do trem ao atual estágio de exploração imobiliária", completa Georgette Fadel, da Casa de São Jorge. "Barra Funda é uma barafunda."

Um dos pioneiros por ali foi o Galpão do Folias. "Na época (em 1998), foi uma escolha circunstancial", explica um dos gerentes do grupo, Carlos Francisco. "Viemos porque nosso galpão era um bom espaço para o tipo de proposta que apresentamos." Há sete anos , a Confraria da Paixão também montou sua sede na Barra Funda. "Tínhamos uma certa relação com o bairro, pois alguns atores moravam por aqui", lembra o diretor, Luiz de Assis Monteiro.

Muitos pretendem se envolver cada vez mais com a comunidade próxima. "Queremos fazer um trabalho de produção de audiolivros, exercitando nosso trabalho vocal, para os cegos da Fundação Laramara, aqui perto", diz Cacá Carvalho, diretor da Casa Laboratório. "Morador da Barra Funda paga 25% do valor do ingresso", divulga Mariana Senne, da Casa de São Jorge.

Soma-se a esses redutos alternativos um dos três endereços da Fundação Nacional de Artes (Funarte) em São Paulo. Na Alameda Nothmann, no vizinho bairro de Campos Elísios, o prédio de 1,2 mil m² passou por uma reforma que durou dois anos e tem um auditório moderno.

Mas a grande novidade no circuito cultural do bairro é a inauguração do câmpus do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (Unesp), ao lado da Estação Barra Funda do Metrô. Dentre os cursos oferecidos ali a partir de segunda-feira está o de Artes Cênicas. O prédio tem sete espaços para apresentações: dois teatros, um circo e quatro salas para eventos menores. "Pretendemos abrir ao público em geral", fala o diretor Marcos Pupo Nogueira. "Vamos dialogar bastante com o bairro", diz o coordenador do curso, Wagner Cintra.


ENDEREÇOS

Balagan: Rua Olga, 444; tel.: 3667-4596

Casa de São Jorge: Rua Lopes de Oliveira, 342; tel.: 3824-9339

Casa Laboratório: Conselheiro Brotero, 182; tel.: 3661-0068

Casa Livre: Rua Pirineus, 107; tel.: 3564-3663

Casulo: Rua Sousa Lima, 107; tel.: 3825-2711

Confraria da Paixão: Rua Lopes de Oliveira, 659; tel.: 3667-3497

Galpão do Folias: Rua Ana Cintra, 213; tel.: 3361-2223

Grupo Tapa: Rua Lopes Chaves, 80; tel.: 3662-1488

2009年3月18日 星期三

Condomínio vira bairro privativo

17/03/2009 - 12:48 - Agência Estado

ImprimirEnviarCorrigirFale ConoscoO slogan "VENHA MORAR SEM GRADES", estampado em letras maiúsculas num panfleto imobiliário, parece um tanto contraditório. A propaganda serve para vender um novo empreendimento de alto padrão na região do Campo Belo, na zona sul de São Paulo, com uma torre comercial, um minishopping center, um miniparque e três prédios residenciais - com apartamentos que de "mini" não têm nada.

As grades, os muros altos e as câmeras de vigilância estão ali, demarcando a área de quase 40 mil m². Mas, com seis meses de anúncio, cerca de 70% das unidades já foram vendidas para paulistanos que pretendem morar, trabalhar e se divertir nesse bairro privativo.

Com a promessa de comodidade, qualidade de vida, tranquilidade e segurança, diversos empreendimentos "quatro em um" estão sendo erguidos atualmente em São Paulo, unindo num mesmo espaço moradia, trabalho, lazer e consumo. Até 2011, serão sete lançamentos, totalizando 490 mil m² de terreno e um valor geral de vendas na casa dos R$ 2,5 bilhões. E outros cinco estão sendo planejados por três incorporadoras. Se por um lado esses megaempreendimentos multifuncionais servem como alento ao trânsito, propondo um novo jeito de viver dentro da metrópole, muitos urbanistas torcem o nariz para o que consideram empobrecimento da questão urbana.

"É possível sim integrar esses projetos à cidade, mas não dá para fechar todas as portas, erguer muros de 7 metros e criar bairros fechados e autossuficientes", diz o arquiteto e urbanista Cândido Malta, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). "Os novos empreendimentos de uso mistos estão refletindo a insegurança social dos nossos tempos. É um exagero, uma paranoia."
Na cidade de 22 mil prédios residenciais, onde 5 milhões de pessoas moram em apartamentos, a escalada por novidades parece ser um fenômeno natural. O marco da vida entre muros em São Paulo foi a inauguração há cerca de três décadas dos residenciais de Alphaville, em Barueri, a 30 km da capital. Já os empreendimentos "quatro em um", que levam a ideia do isolamento à enésima potência, surgiram com o Parque Cidade Jardim, na zona sul, que contempla o Shopping Cidade Jardim, nove edifícios residenciais e três torres comerciais. Seis meses antes da entrega das chaves, 80% das unidades de alto padrão já haviam sido vendidas - com valores que iam de R$ 2 milhões no apartamento menor até os R$ 18 milhões da cobertura tríplex de 1,8 mil m².

"Não é só a comodidade de pegar um elevador para ir ao cinema ou tomar um sorvete e comprar um livro, mas a sensação de segurança também é muito maior", diz a empresária Lucia Barra, que está de malas prontas para mudar para um apartamento no complexo. "Nesses empreendimentos de uso misto, a família tem a loja do lado, pode montar o escritório ali, então é um conforto", completa Ubirajara Spessoto, diretor-geral da Cyrela em São Paulo, que planeja o lançamento de três projetos do mesmo tipo. "É uma coisa que veio para ficar."
O Parque Cidade Jardim teve como inspiração grandes empreendimentos ao redor do mundo, como o Time Warner Center, em Nova York, e o Bal Harbour Shops, em Miami - o primeiro foi lançado há cinco anos em Tóquio, chamado de Roppongi Hills, que reúne num só endereço escritórios, hotel, apartamentos, lojas, restaurantes e até um museu. "Em geral, sou favorável à mistura de usos em qualquer cidade, faz sentido que as pessoas morem perto de onde trabalham", diz o arquiteto e urbanista Jonas Rabinovitch, que há 15 anos trabalha em Nova York como coordenador de Desenvolvimento Urbano da Organização das Nações Unidas (ONU). "O problema é que a inserção de um prédio no seu entorno urbanístico é sempre uma questão importante para a cidade. Se o condomínio em questão significar a criação de um gueto físico, social e econômico, isso obviamente não pode ser bom para a cidade."
No encalço do Cidade Jardim, os novos empreendimentos só reforçam a ideia de um oásis dentro de uma cidade caótica. O Condomínio Paulistano, por exemplo, que se vende como "bairro privativo" dentro do Morumbi, na zona sul, terá casas, escritórios, lojas, prédios residenciais, praças e um clube esportivo completo num terreno de 155 mil m². No panfleto, lê-se: "Faz tempo que São Paulo não vê namoros na porta das casas, crianças brincando na rua, amigos sentados na calçada. Felizmente, as coisas mudam."
CASA, ESCOLA E LOJA
E a mesma incorporadora que fez o Parque Cidade Jardim agora prepara algo mais ambicioso no km 50 da Rodovia Castello Branco, na altura de São Roque - numa área de 7 milhões de m², serão construídas casas, apartamentos e toda uma estrutura privativa com postos de saúde, escolas, universidades, igrejas e lojas para atender a população de quase 60 mil pessoas. "Aí não é nem um bairro privativo, é uma cidade fechada", diz o urbanista Cândido Malta. "Claro que com cada vez mais assaltos, com prédios sendo assaltados por quadrilhas, as pessoas começam a procurar esses empreendimentos. Mas é preciso ter um balanceamento. Antes de combater as grades, é preciso combater a insegurança."

Parques colocam idosos para malhar


Modernos aparelhos de ginástica são instalados em áreas verdes de SP

Mônica Cardoso
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Em menos de um mês, a rotina do aposentado Ercio Martins, de 70 anos, mudou bastante. Três vezes por semana, ele faz exercícios no recém-inaugurado Parque Zilda Natel, em Perdizes, zona oeste de São Paulo. Ele não usa as radicais pistas de skate, que dão fama ao parque, mas os dez equipamentos de ginástica projetados especialmente para a terceira idade, que simulam movimentos de caminhada, cavalgada, barco a remo, esqui e surfe.

"Uso quase todos os aparelhos e acho muito bom. Faço os exercícios ao ar livre e não preciso pagar uma academia", comemora, em boa forma, o morador da Vila Madalena.

Os equipamentos também foram instalados no Parque do Povo, no Itaim-Bibi, na Praça Victor Civita, em Pinheiros, e na Praça Esther Mesquita, em Higienópolis. A ideia das academias ao ar livre é bem recente e começou no segundo semestre do ano passado. "Fui a Pequim, no início de 2007, e vi esses aparelhos em muitos parques e praças como parte da preparação da cidade para a Olimpíada", conta André Graziano, coordenador de Áreas Verdes da Secretaria das Subprefeituras e idealizador do projeto. "Nossa população está envelhecendo e as áreas verdes levam em conta apenas as crianças, não os idosos."

Mas os aparelhos de baixo impacto têm atraído crianças e jovens, como o estudante Eduardo Khamis Stefanelli, de 14 anos, que frequenta o Parque do Povo. "Venho à tarde, depois da escola, quando é mais tranquilo", diz. Os mais velhos, no entanto, são contra. "As crianças usam os aparelhos de ferro como brinquedo e podem se machucar", diz a aposentada Albertina de Almeida Foux, de 65 anos. Segundo a Prefeitura, até agora nenhum acidente foi registrado.

Outra ressalva é quanto à falta de figuras ilustrativas. Nos parques, duas placas indicam apenas os benefícios de cada movimento e o uso acaba sendo um tanto intuitivo. "Acredito que deveria ter um instrutor", diz a aposentada Albertina - medida que a Prefeitura pretende colocar em prática a médio prazo. "Com o acompanhamento, o benefício seria maior. Deixaria de ser uma brincadeira e se tornaria um exercício, de acordo com as necessidades de cada usuário, com maior rendimento", diz Graziano.

Segundo ele, a secretaria planeja instalar uma academia ao ar livre em, pelo menos, uma praça de cada subprefeitura. O problema é que não há como fazer uma licitação de concorrência, porque apenas duas empresas oferecem as peças, enquanto a lei exige, no mínimo, três. É por isso que, até agora, os equipamentos foram doados. O custo de instalação de dez aparelhos fica em torno de R$ 20 mil.

EXERCÍCIOS E BRINCADEIRAS

Uma escada para dedos. Uma espécie de maçaneta para girar o pulso. Subir degraus e descer por uma rampa. Sentar e levantar. Os aparelhos de ginástica do Parque Dr. Fernando Costa, mais conhecido como Água Branca, podem parecer uma grande brincadeira. Mas foram especialmente projetados para garantir fortalecimento e flexibilidade muscular. O projeto foi elaborado pelo médico nefrologista Egídio Dórea, da Universidade de São Paulo (USP), inspirado no Parque del Retiro, em Madri, na Espanha. "Um terço dos brasileiros entre 65 e 74 anos já sofreu alguma queda", diz o médico.

O Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de São Paulo (Fussep), mentor do projeto, pretende levar a ideia para outros parques do Estado.

"Cerca de dois terços dos frequentadores do parque é da terceira idade. Nós testamos com eles as funções de cada equipamento", diz o diretor técnico do local, Antonio Teixeira.

Os aparelhos são feitos com madeira tratada de eucalipto de reflorestamento. Os exercícios podem ser feitos em sequências aleatórias e o próprio idoso estabelece seus limites. Outra preocupação é estimular a sociabilização entre os frequentadores. Os aposentados Mauri Marques da Silva, de 71 anos, e Paulo Roberto Gryzinsky Grillo, de 62, aprovaram a novidade. Ambos moram em Perdizes, não se conheciam, mas acabaram engatando um animado bate-papo enquanto se exercitavam. Outro ponto positivo é a imensa área verde. Bem melhor que se exercitar em um local fechado, não?



Parque Zilda Natel: Avenida Doutor Arnaldo com Rua Cardoso de Almeida, Perdizes

Parque do Povo: Avenida das Nações Unidas, Itaim-Bibi

Praça Victor Civita: Rua Sumidouro, 580, Pinheiros

Praça Esther Mesquita: Rua Rio de Janeiro com Rua Eng. Edgar Egydio de Souza, Higienópolis

Parque da Água Branca: Avenida Francisco Matarazzo, 455


FRASES

Ercio Martins
Aposentado

"Uso quase todos os aparelhos (do Parque Zilda Natel) e acho muito bom. Faço os exercícios ao ar livre e não preciso pagar uma academia"

André Graziano
Coordenador de Áreas Verdes

"Nossa população está envelhecendo e as áreas verdes levam em conta apenas as crianças, não os idosos

2009年3月12日 星期四

Igreja Renascer monta ringue de vale-tudo em templo para atrair mais jovens a culto em SP


Dois, três, quatro rounds e, com o perdedor estirado na lona, o pastor Mazola encerra a primeira série de lutas e anuncia o início do culto.

É 1h da madrugada de sábado e o templo da Igreja Renascer em Cristo em Alphaville, na Grande São Paulo, abriga seu primeiro campeonato de vale-tudo, esporte de combate que mescla modalidades como boxe e caratê. "Queremos atrair mais jovens", conta o bispo Leandro Miglioli, 33, de jeans e camiseta polo.

Sem álcool e cigarro, mas com a pancadaria tradicional do esporte, o festival reuniu frequentadores de academias da região para se enfrentarem no ringue colado ao altar. O público (bermuda, chinelo, tatuagem) vibrava.

Apu Gomes - 7.mar.09/Folha Imagem

Lutadores participam de torneio de vale-tudo na Renascer em Alphaville (Grande SP)

O locutor do embate ficava no palco onde os pastores fazem as pregações. Na pausa para louvor no mesmo local, o pastor Mazola (cabeça raspada e camiseta regata de lutador) contou que já foi usuário de drogas e convocou os presentes a se converterem.

"Cerca de 60 jovens entregaram a vida para Jesus", diz Miglioli, que cadastrou nomes e telefones dos convertidos.

Culto encerrado, a luta continua -até depois das 3h30, cinco horas após começar. Satisfeita, a igreja fará outro campeonato neste ano.

"Um ringue ao lado do altar é inusitado, mas não extraordinário entre evangélicos", diz a antropóloga Clara Mafra, pesquisadora da religião. "Nos anos 1940, eles introduziram no Brasil guitarras em cultos. Nos anos 1950, a Assembleia de Deus fez concursos de miss entre as irmãs e não deu certo. A junção de sagrado e mundano causa estranheza, que pode ser ruim ou ter apelo como bom marketing religioso."

Jiu-jitsu

Duas vezes por semana, o mesmo templo da Renascer fica aberto para treinos de jiu-jitsu. "Quem vem aprende esporte e larga os vícios do mundão", diz Emerson Silva, 27, que se diz cético sobre as polêmicas envolvendo a igreja (prisão dos líderes por sonegação e críticas pela queda do teto de um templo que deixou nove mortos).

As lutas acontecem no fundo da igreja, após os cultos. "O primeiro foco é Deus, mas o esporte ajuda os jovens", diz Filipe Farias, 18, frequentador também da igreja Bola de Neve, que adota sintonia com esporte --no caso, uma prancha de surfe sobre o púlpito.

No Brasil, qualidade pior

Alimentos infantis de multinacionais no País não seguem o padrão internacional

Fabiane Leite e Karina Toledo

Fabricantes multinacionais de alimentos infantis anunciam e vendem no Brasil produtos menos saudáveis do que os comercializados na Europa e Estados Unidos. As normas aplicadas à publicidade no exterior são muito mais rígidas do que as adotadas no Brasil.

Assista trecho do documentário ‘Criança: a alma do negócio’

Essas são algumas das conclusões de pesquisa inédita realizada em parceria pelo Instituto Alana e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor entre janeiro e fevereiro deste ano e divulgada ontem em São Paulo para pressionar o governo federal a adotar restrições para a publicidade de alimentos infantis.

Entre dez multinacionais que fizeram publicidade em sites e durante programação infantil na televisão ao longo do período analisado, nove adotam “duplo padrão de conduta”. Isto é: produtos e anúncios feitos para o Brasil jamais poderiam ser veiculados lá fora, segundo a autorregulamentação que as multinacionais adotam nos Estados Unidos e na Europa.“Isso nos parece um comportamento preconceituoso em relação à criança brasileira”, afirmou Isabella Henriques, coordenadora-geral do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana.

Mais calorias

O trio de hambúrguer, batata frita e refrigerante pequenos vendido pelo Burger King no Brasil, por exemplo, jamais poderia ser vendido pela empresa no exterior por ter mais calorias, gorduras e sódio do que o considerado saudável pela própria empresa. Aqui o lanche tem 627 kcal, contra as 560 kcal vendidas como saudáveis pela própria companhia nos Estados Unidos e Europa. Também o Danoninho daqui tem mais calorias e gorduras que o autorregulamentado lá fora por sua fabricante, apontou o estudo.

Outro exemplo é a Nestlé, empresa que, apesar do compromisso mundial para não fazer propaganda de produtos não saudáveis para menores de 6 anos, mantinha sites com joguinhos infantis.O Brasil discute desde 2006 uma regulamentação específica sobre publicidade de alimentos industrializados e limites para quantidades de açúcar, gorduras e sódio. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sugeriu em consulta pública, por exemplo, que alimentos com excesso de açúcar são aqueles com 15 g/100 g ou 7,5 g por ml ou mais.

Os padrões em discussão na Anvisa foram usados também para a pesquisa, mas as ONGs que organizaram o estudo tomaram como referenciais principalmente as composições nutricionais e as regras para anúncios que as empresas acertaram em compromissos internacionais com a Organização Mundial da Saúde e códigos de autorregulamentação nos EUA e Europa, a partir de 2007.

Eles preveem, por exemplo, a reformulação da composição dos alimentos para torná-los mais saudáveis, não realizar marketing de produtos que não são saudáveis para crianças menores de 6 ou 12 anos, como joguinhos, além de redução do uso de personagens infantis nos comerciais.

2009年3月6日 星期五

Temperatura alta em SP cria dilema fashion para paulistanas e turistas

A psicóloga mato-grossense Maria Fernanda, 51, diz que "São Paulo não está preparada para o calor". "Em Cuiabá, qualquer banca de jornal tem ar-condicionado."

Ela afirma isso depois de reconhecer que a blusa de babados branca abotoada no pescoço (que está usando) foi "muito". "Errei na roupa."

Para Maria Fernanda, São Paulo é uma referência de frio (em relação a Cuiabá) e, por isso, em qualquer estação, ela vem para a cidade com o guarda-roupa de inverno.

Desacostumado a longas temporadas de calor sufocante, o paulistano (não só o mato-grossense) também comete desatinos fashion.

A administradora Cláudia Valentim, 40, que trabalha com moda e morou 20 anos no Rio, se diz inconformada com o que vê por aqui.

"A paulistana não tem guarda-roupa para o verão. É capaz de sair de minissaia e bota de camurça. Isso, no Rio, é uma gafe", diz ela, em um longo de malha fina. "Parece inadequado [o longo], mas é o correto. Muito mais do que um jeans, por exemplo."

Andréia Niron, professora de desenho de moda da faculdade Santa Marcelina, diz que, desde a primeira folha de parreira, a moda sempre esteve ligada à ideia de proteção, pudor e poder.

O problema no século 21 começa "quando a fofa compra um modelo quente, de grife, mas não quer esperar o inverno para sair com ele".

Primeira conclusão: dasluzetes correm mais risco de passar muito calor no verão.

Embora tirar roupa possa parecer menos arriscado para o "look" do que colocar (uma das máximas fashion diz "menos é mais"), a professora Andréia diz que é exatamente o contrário.

"No inverno as cores são sóbrias, harmônicas. No verão há o perigo do excesso de tons e informações, balonês, saias rodadas e... babados."

Para a publicitária Ianca Athanasoba, 23, muitas mulheres erram no calor por associar a estação a padronagens alegres e tecidos perigosos. "Tem gente que usa flores, paetê, blusa de bolinha", enumera.

Bronzeada, seios fartos em um vestido tomara-que-caia azul-piscina, Athanasoba relaciona os trajes possíveis no verão a determinadas regiões da cidade.

Em sua tese de "urbanismo fashion", ela defende que no centro ou em "áreas populares" não dá para ir de shorts -como o da amiga que a acompanha, Layla Abdelnur, 20. "Ela é de Sorocaba, mas só trouxe esse short, por isso está com ele. Não daria para usar aqui", afirma.